Resumo
Desde os anos 90 que os agricultores da Índia, apoiados pelo governo, alteraram parcialmente as suas origens de água destinada a rega, de águas superficiais para águas subterrâneas, em resposta à incerteza na disponibilidade de recursos hídricos superficiais. Só muito lentamente as autoridades de gestão da água começaram a considerar o uso sustentável dos recursos hídricos subterrâneos como a sua principal preocupação. A fim de evitar a sobre-exploração dos aquíferos, é necessária uma integração fiável dos recursos hídricos subterrâneos no planeamento e gestão da água. Numa área de 11,000 km2, correspondente à extensão da sub-bacia do Rio Musi (Sul da Índia), as intervenções humanas têm afetado drasticamente os aquíferos de rochas fraturadas, com rebaixamentos da ordem de 0.18 m/ano durante o período 1989–2004. Foi implementado com sucesso, à escala de bacia, um modelo numérico de água subterrânea totalmente distribuído. O modelo permitiu simular duas conceções distintas de disponibilidade de água subterrânea para a sua quantificação: uma associada a fluxos facilmente quantificados e outra mais relacionada com a sustentabilidade a longo prazo, tendo em conta todas as fontes e sumidouros. As simulações mostraram que, nesta ultima conceção, 13 % das águas subterrâneas estavam menos disponíveis para exploração do que na primeira. Este facto tem implicações importantes para a estrutura de modelação de alocação de água existente, a qual é usada para orientar as tomadas de decisão dos gestores de recursos hídricos em todo o mundo.