A aldeia angolana de Cusseque, estabelecida durante a guerra civil nacional, perdeu o seu objetivo militar quando o conflito terminou, em 2002. Os vizinhos desta aldeia assumiram que os moradores de Cusseque iriam embora. Mas a maioria ficou. Estes homens e estas mulheres têm desde então lutado para legitimar a sua presença em Cusseque. O meu trabalho de campo na região ajudou‐me a clarificar a razão pela qual eles e elas afirmam que resultam da fusão com a terra—uma fusão a que chamo corpoterra—através da ação das abelhas. Em Cusseque, as pessoas exercem uma política corporal vinculada às ações mais‐do‐que‐humanas que dissolvem os contornos do ser humano na terra. Contribuem assim para discussões antropológicas sobre a relação entre as pessoas e a terra, misturando a questão do ser humano com a questão da terra. Fundamentalmente, os residentes de Cusseque desafiam os regimes humanistas em que a legitimidade da presença humana é dissociada da interdependência entre o corpo e a terra. [relação humano‐terra, legitimidade, transcorporeidade, mel, abelhas, pós‐guerra, política corporal, Angola]